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Os Bodes Adoram Brincar: uma reflexão sobre legalidade, sociedade e substâncias psicoativas

Foto do escritor: Carol PereiraCarol Pereira

Imagem de um bode cercado de plantas com o título "Os Bodes Adoram Brincar", que também é o nome da obra de Raphael Escobar, exposta no jardim do MAM, em São Paulo.
Os Bodes Adoram Brincar - título da instalação de Raphael Escobar no MAM.

Reza a lenda que os primeiros frutos de café foram descobertos por um rebanho etíope em torno de 800 d.C., num rolê do cotidiano: um pastor alimentando seus bodes e cabras com arbustos e folhagens que tinham frutinhas. Logo após ingerir essas frutinhas, o pastor notou que seu rebanho começava a pular e brincar entre si, alegremente, até que ele mesmo decidiu experimentá-las e, para sua surpresa, se sentiu energizado quase imediatamente.


Curioso, o pastor levou o arbusto ao monge, que, surpreendendo um total de 0 pessoas, repeliu o uso, tacando a pobi planta na fogueira sem nem imaginar que esse ato seria a grande virada nesta história, afinal, quem resiste ao aroma dos grãos de café torrados, não é mesmo? E foi assim que o grão de café iniciou sua jornada. A história das substâncias psicoativas, como o café, o tabaco, o açúcar e o álcool, é uma narrativa fascinante da interação entre seres humanos e plantas. Essas substâncias desempenham papéis complexos em nossa evolução cultural e econômica, mas também nos confrontam com questões profundas e intrincadas sobre como a sociedade lida com o que é aceitável e o que é proibido.


Mas, à medida que essa história se desenrola, somos instados a refletir: por que o café, o tabaco, o açúcar e o álcool são celebrados, enquanto outras substâncias naturais, como a c4nn4bis e a c0c4, são estigmatizadas e proibidas? O que influencia essas decisões? E qual é o papel do grande capital e da saúde pública nesse tabuleiro de escolhas? Os interesses econômicos muitas vezes moldam nossas políticas, e o lobby poderoso da indústria influencia diretamente as decisões políticas e como resultado, vemos como o nível de consumo pode ter um impacto significativo na aceitação de algumas substâncias e na rejeição de outras.


Desenvolvida a partir do pesquisa de Raphael Escobar a respeito das regras morais e legais vigentes na sociedade brasileira, a obra “Os Bodes Adoram Brincar” (2023) consiste na instalação de um jardim formado por plantas usadas como matérias-primas para a fabricação de insumos legalizados no Brasil, como café, açúcar, cevada e tabaco, que desempenham um papel importante na economia nacional. O consumo de café, açúcar, cerveja e cigarro já foram proibidos e aceitos em momentos diferentes. O que se mantém perene, segundo Escobar, é o seu consumo.


“A obra faz parte de uma pesquisa que venho desenvolvendo desde 2015 sobre a relação de legalidade e ilegalidade de substâncias e alimentos consumidos no mundo, mas principalmente no Brasil. Para a OMS, qualquer substância que entra no corpo e o modifica é vista com a mesma relevância, por isso me interessei em pesquisar um pouco sobre esse tema e propor uma reflexão coletiva”, conta o artista. “Ao caminhar por entre as plantas da obra, o visitante encontra um banco redondo que sugere um ponto de encontro em roda que acaba se tornando um pouco a cultura do compartilhamento, de sentar junto, da coletividade”, concluiu.



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